sexta-feira, 24 de junho de 2011

Projeto Cágado tenta impedir extinção de espécie

O animal é encontrado somente na Bacia do Rio Carangola e integra a lista de 25 quelônios ameaçados de extinção no planeta


DIVULGAÇÃO
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Poluição, desmatamento e caça predatória restringiram a ocorrência do quelônio


Não se iluda com o jeito alegre da simpática "tartaruga". Se pudesse se expressar, o cágado-de-hogei ( Mesoclemmys hogei ) certamente faria uma cara de poucos amigos. O animal é encontrado atualmente somente na Bacia do Rio Carangola, na Zona da Mata, e integra a lista de 25 quelônios ameaçados de extinção no planeta.

Para tentar evitar o fim da espécie, o Projeto Cágado de Hogei, iniciado em 2000 pela pesquisadora Gláucia Drumond, vai trabalhar no monitoramento da espécie, ampliação dos conhecimentos disponíveis em estudos anteriores e definir um programa de conservação na bacia.

Para alcançar os objetivos estão previstos, entre outras ações, detalhamento das características (áreas de uso, recursos alimentares e comportamento reprodutivo), observação do grau de isolamento genético das populações remanescentes, caracterização da vegetação ciliar, identificação dos impactos decorrentes da ocupação humana, além de verificação de oportunidades de conservação. "O empenho é muito grande. Temos grande perspectiva de salvar a espécie", ressalta o biólogo e estagiário-chefe do projeto, Rogério Luiz da Silva.

Ele, no entanto, confirma que o declínio da população nos últimos anos é preocupante. "Em 2008, jogando algumas redes, pegava-se uma quantidade de tartarugas. Hoje, é preciso mais redes para pegar menos. Além disso, observamos muita recaptura", revelou, sem citar números precisos.

A temida classificação, na qual o animal ocupa a 21ª posição, foi publicada pela Turtle Conservation Coalition (Coalizão pela Conservação das Tartarugas), formada por entidades ambientalistas internacionais.

O cágado de hogei é o único brasileiro da lista, encabeçada por George Solitário ( Chelonoides abingdonii ), último da espécie de tartaruga-gigante, que vive no arquipélago de Galápagos, no Equador, considerado extinto da natureza.

Para o botânico Braz Consenza, subcoordenador do projeto que promove ações de preservação da tartaruga, o primo brasileiro de George segue para cumprir a mesma sina. "Estatisticamente, baseado no esforço de captura e ocorrência, a população da espécie é baixíssima. Se ações não forem feitas em tempo hábil, modelos matemáticos indicam um declínio ainda maior, com extinção em dez anos", alerta.

Poluição e assoreamento dos rios, corte de mata ciliar e pesca predatória são os fatores que levaram o animal, que pode chegar aos 5 quilos, a quase acabar na Bacia do Rio Paraíba do Sul. "A situação se complica por causa dos poucos estudos sobre a espécie. Não sabemos quase nada sobre reprodução, genética e comportamento", revela Consenza.

Segundo o professor, que leciona Ecologia e Botânica nas Faculdades Vale do Carangola (Favale) - unidade associada à Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) -, embora o cágado de hogei seja encontrado em áreas baixas da bacia do Rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, a sub-bacia do Carangola, altura dos municípios de Tombos, Carangola e Faria Lemos, é última onde existem registros atuais da ocorrência do quelônio.

"Esse fato contribuiu para que a região fosse eleita de importância biológica extrema para priorização de áreas a serem preservadas no Estado", salientou. Consenza afirmou que a Bacia do Carangola é o último refúgio com uma população saudável do cágado e ainda em condições de repovoar a espécie ao longo de áreas originais de ocorrência.



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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Rã peruana e salamandra da Guatemala correm risco de extinção (Por Dandara Medeiros)

A rã arlequim do Peru, (Atelopus patazensis) e uma salamandra-anã da Guatemala (Dendrotriton chujurum) entraram na lista de espécies em perigo crítico de extinção elaborada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês).

Dos 19 anfíbios que passaram a constar na lista, oito estão em perigo crítico de extinção, incluindo as duas citadas anteriormente.

Os dados da IUCN apontam que 41% do total de anfíbios do mundo todo estão ameaçados, principalmente pela destruição do habitat, poluição, doenças e presença de espécies invasoras.

O levantamento também avaliou, pela primeira vez, 248 lagostas. Dessas, 35% foram classificadas na categoria "dados insuficientes", como é o caso da lagosta caribenha Panulirus argus.

As povoações de lagosta diminuem em virtude da exploração excessiva, uma vez que mundialmente cerca de 1,2 bilhão de pessoas dependem das espécies marinhas como alimento e meio de subsistência.

No entanto, não existem dados confiáveis sobre os níveis de pesca e captura para avaliar a situação e ameaça real de extinção.

FORA DE PERIGO

A boa notícia vem do Órix da Arábia, também conhecido como antílope branco, retirado da lista de espécies em perigo de extinção para passar à de espécie vulnerável.

O Órix da Arábia é encontrado na península árabe e o último exemplar silvestre da espécie foi caçado em 1972.

Neste ano, graças à criação em cativeiro e a bem-sucedidas ações de reintrodução, o Órix não corre mais o risco de desaparecer.

Esta é a primeira vez que uma espécie que chegou a estar extinta sai desta categoria. A população silvestre já conta com mil espécimes.