sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Com desmatamento, serpentes do Brasil perdem até 80% de sua área em 30 anos

Carlos Fioravanti
Da Agência Fapesp

  • Tom Spinker/Flickr/BBC
Depois de quatro anos organizando uma rara síntese de informações produzidas durante muitas décadas de trabalho de campo, o biólogo Cristiano Nogueira pode finalmente dizer: "Agora conseguimos ver de modo claro que a principal ameaça às serpentes do Brasil é uma dramática perda de vegetação nativa, que é também a causa de outros problemas, como essa seca em São Paulo". Os resultados preliminares indicam que algumas espécies perderam até 80% da área de floresta ou campos que ocupavam três décadas atrás.
A perda de espaço -- associada à expansão das cidades e da agropecuária, como também se passa com outras espécies -- implica o desaparecimento de evidências da história evolutiva não apenas das cobras, mas também de outros grupos de seres vivos, que se formaram e ocuparam seus espaços ao longo de milhões de anos.
Nogueira espera concluir em 2016 os mais de mil mapas que delimitam com precisão esse problema ao comparar as áreas ocupadas hoje e no passado pelas 380 espécies encontradas no Brasil. É a maior diversidade de serpentes do mundo, incluindo as minúsculas e inofensivas cobras-cegas, as jararacas, cascavéis, corais verdadeiras e falsas, até as maiores, como a jiboia e a sucuri, de até 10 metros de comprimento.
Como pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), ele coordena um extenso mapeamento, comparando a distribuição geográfica atual e passada das serpentes brasileiras.
De acordo com os mapas já prontos, 22 espécies são exclusivas -- ou endêmicas -- de trechos da caatinga e outras 80 da Mata Atlântica. "Estamos descobrindo as áreas de endemismo e ao mesmo tempo vendo que as estamos perdendo", observa Nogueira, à frente de uma equipe de 25 especialistas do Brasil e dois da Argentina.
A Bothrops itapetiningae, a menor entre as jararacas, com 40 a 60 centímetros de comprimento -- os machos têm cauda mais longa, enquanto as fêmeas têm uma cabeça maior --, deve ocupar hoje apenas 20% da área original de há 30 anos, que se estendia pelos campos e cerrados desde São Paulo até o centro de Goiás e foi intensamente ocupada por plantações ou cidades.
"O desmatamento chegou até as bordas do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso e Pará, e do Parque Nacional das Emas, em Goiás", observa Nogueira. "As perdas cresceram muito desde que comecei esse levantamento, em 2010, e agora avançam sobre a Floresta Amazônica."
Outra espécie acuada é a jararaca-de-murici (Bothrops muriciensis), encontrada apenas em matas de altitude superior a 400 metros em uma estação ecológica no município de Murici, em Alagoas. Marco Antonio de Freitas, pesquisador do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que coordenou o trabalho de campo com essa espécie, viu que o desmatamento é intenso por lá, mesmo em áreas protegidas por lei. Não é o único problema.
"Nas regiões Norte e Nordeste ainda não existe um trabalho educativo eficaz, que coíba a matança de serpentes peçonhentas. O máximo que se consegue é que os moradores não matem as que eles mesmos reconhecem como inofensivas", disse ele.
Ali e em outros lugares, a maioria das pessoas prefere matar esses bichos, por causa do medo e do asco que despertam, embora a minoria das espécies seja venenosa. Em um estudo de 2014, Freitas relatou que a jaracuçu-tapete (Bothrops pirajai) vive apenas em fragmentos de Mata Atlântica do sul da Bahia, sob as mesmas ameaças.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ESPÉCIES AMEAÇADAS

IUCN divulga nova lista de espécies ameaçadas de extinção

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, produzida pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), acaba de ser atualizada. O novo compêndio conta agora com 61.900 espécies.
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Apesar dos programas ambientais, a União Internacional para Conservação da Natureza enfatiza que 25% dos mamíferos estão sob risco de extinção. É o caso de diversas espécies de rinocerontes. Algumas delas, porém, apresentaram avanço graças aos projetos de conservação, como é o caso dos rinocerontes brancos da espécie Ceratotherium simum simum, cuja população passou de 100 indivíduos no fim do século 19 para mais de 20 mil Leia mais Richard Emslie/IUCN
Apesar dos programas ambientais, o grupo enfatiza que 25% dos mamíferos estão sob risco de extinção. É o caso de diversas espécies de rinocerontes. Algumas delas, porém, apresentaram avanço graças aos projetos de conservação, como é o caso dos rinocerontes brancos da espécie Ceratotherium simum simum, cuja população passou de 100 indivíduos no fim do século 19 para mais de 20 mil.
Os cavalos de Przewalski (Equus ferus) são outra história de sucesso – as espécies passaram da categoria “criticamente ameaçadas” para “ameaçadas”. Esses cavalos foram declarados extintos em 1996, mas um programa fez com que a população hoje seja estimada em mais de 300.
A lista atual também mostra que 40% das espécies de répteis terrestres de Madagascar estão ameaçadas. A sobrevivência desses camaleões, lagartos e cobras representa um desafio, segundo a IUCN. Novas áreas de conservação foram criadas para manter espécies criticamente ameaçadas, como o camaleão Tarzan (Calumma tarzan).
Por causa do seu status na Lista Vermelha, espécies ameaçadas de lagartos como o Paroedura masobe agora terão mais destaque em projetos de conservação futuros.
A lista da IUCN também traz descobertas científicas. Até recentemente, apenas uma espécie de arraia gigante era conhecida. Análises recentes agora mostram que existem duas espécies: a Manta alfredi e a Manta birostris, esta última também chamada de “gigante” (a criatura pode alcançar mais de sete metros de diâmetro). Essas arraias têm sido alvo de pesca por sua aplicação na medicina tradicional chinesa.
Entre as criaturas aquáticas destacadas na lista estão os atuns: cinco das oito espécies existentes estão classificadas como ameaçadas ou vulneráveis, segundo a IUCN.
A entidade destaca a importância dos anfíbios para os ecossistemas, uma vez que esses animais são indicadores da saúde do meio ambiente e têm sido usados na busca de novos medicamentos. A Lista Vermelha foi complementada com 26 anfíbios recentemente descobertos. O sapo venenoso da espécie Ranitomeya summersi foi classificado como ameaçado e o Ranitomeya benedicta entrou na categoria “vulnerável”.
A lista da IUCN foi chamada por especialistas da revista “Science”, em 2010, de “barômetro da biodiversidade”.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Mato Grosso do Sul tem 27 animais em perigo de extinção

 

(POSTADO PELA FUNDAÇÃO PORTAL DO PANTANAL)

 
Redação
O Ministério do Meio Ambiente lançou hoje em Brasília o "Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção". São mais de mil e quatrocentas páginas distribuídas em dois volumes, com dados sobre a biologia, distribuição geográfica, presença em unidades de conservação, principais ameaças, estratégias de conservação, indicações de especialistas e de núcleos de pesquisa e conservação envolvidos com as espécies.
De acordo com o livro, Mato Grosso do Sul, onde estão presentes os biomas Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, 25 espécies de animais silvestres encontram-se em situação de perigo ou vulnerabilidade de extinção, de acordo com o documento.
A elaboração do Livro Vermelho decorre diretamente das Listas Nacionais Oficiais de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção, incluindo pela primeira vez em uma única obra todas e somente as espécies que o governo brasileiro efetivamente reconhece como ameaçadas de extinção.
A lista atual, publicada por intermédio das Instruções Normativas MMA nº 3/2003 e nº 5/2004, conta com 627 espécies ameaçadas de extinção, sendo 130 de invertebrados terrestres, 16 de anfíbios, 20 de répteis, 160 de aves, 69 de mamíferos, 78 de invertebrados aquáticos e 154 de peixes.
Sobre a fauna ameaçada em Mato Grosso do Sul, constam no documento as aves: rolinha do planalto, tico-tico-do-campo, caboclinho-de-chapéu-cinzento, caboclinho-do-sertão, caboclinho-de-papo-branco, andarilho ou bate-bunda, galito, maria-do-campo ou papa-moscas-do-campo, tricolino-canela ou papa-moscas-canela, arara-azul-pequena (considerada extinta), arara-azul-grande e codorna-buraqueira. Algumas delas existem apenas em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Já na lista de mamíferos estão: cervo-do-pantanal, lobo-guará, cachorro-vinagre, jaguatirica, gato-do-mato, gato-maracajá, gato-palheiro, onça-pintada, onça-parda, ariranha, rato-de-espinho, tatu-canastra e tamanduá-bandeira.
Insetos também estão na lista, como o colembolo e o besouro-de-chifre. Invertebrados terrestres, anfíbios e répteis não constam na lista de Mato Grosso do Sul.

Justificativa - O MMA reconhece que o ser humano é o principal agente do processo de extinção. Em parte, essa situação deve-se ao mau uso dos recursos naturais, citando como causas a abertura de grandes áreas para implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, expansão urbana, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície.
Estes fatores reduzem o total de habitats disponíveis às espécies e aumentam o grau de isolamento entre suas populações, diminuindo o fluxo gênico entre estas, o que pode acarretar perdas de variabilidade genética e, eventualmente, a extinção de espécies.
Políticas de conservação - A Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção é um dos mais importantes instrumentos utilizado pelo governo brasileiro para a conservação da biodiversidade, onde são apontadas as espécies que, de alguma forma, estão ameaçadas quanto à sua existência.
Para a sua elaboração o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o seu Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em parceria com a Fundação Biodiversitas para a Conservação da Diversidade Biológica, com a Sociedade Brasileira de Zoologia e com a Conservação Internacional do Brasil, valeram-se de centenas de especialistas, em período superior a um ano que, após criterioso trabalho científico, produziram a versão inicial da lista.
Primeira lista - A primeira lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção é de 1968 (Portaria IBDF nº 303) e contava com 44 espécies. A primeira lista publicada no âmbito do Ibama (Portaria nº 1.522) ocorreu em 1989, com 206 espécies animais sob ameaça de desaparecimento, dentre vertebrados e invertebrados, das quais sete espécies consideradas como provavelmente extintas.
FONTE: http://www.campograndenews.com.br/cidades/mato-grosso-do-sul-tem-27-animais-em-perigo-de-extincao-11-04-2008

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Europa perdeu 421 milhões de pássaros em 30 anos

Alarmante desaparecimento de aves europeias está ligado a métodos modernos de agricultura e à perda de habitat

Publicado em 03/11/2014, às 12h26


Da AFP

Perdiz cinzento está entre as espécies que estão desaparecendo na Europa / Foto: Reprodução/Internet

Perdiz cinzento está entre as espécies que estão desaparecendo na Europa

Foto: Reprodução/Internet

A Europa perdeu 421 milhões de pássaros em 30 anos e a atual gestão ambiental não consegue evitar o abate de muitas espécies até recentemente comuns, revela um estudo divulgado nesta segunda-feira pela revista científica.
Este alarmante desaparecimento de aves europeias está ligado a métodos modernos de agricultura e à perda de habitat. "É um aviso que se aplica a toda fauna da Europa. A forma como administramos o meio ambiente não é sustentável para nossas espécies mais comuns", declara Richard Gregory, da Sociedade Real para a Proteção das Aves, que co-liderou o estudo.
Uma queda de até 90% foi registrada entre espécies comuns, como o perdiz cinzento, o pardal e o estorninho. Paralelamente, houve um aumento do número de exemplares de algumas espécies raras de aves, graças às medidas de conservação, de acordo com o estudo.
Os cientistas recomendam a rápida implementação de novos sistemas agrícolas e a instalação de áreas verdes em ambientes urbanos. Os pesquisadores analisaram dados de 144 espécies de aves em 25 países europeus, recolhidos principalmente por observadores voluntários.

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